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Parágrafo Curatorial do Ciclo de Performances

Atualizado: 25 de abr. de 2021

Curadora Ana Musidora


Ana Musidora

“é preciso honrar nossas mortes”

pele/língua/corpo/território/palavra, órgãos, aquilombamento


Ana Musidora constrói um Ciclo que agrupa artistas cujos trabalhos são diretamente impactados pelo corpo, este que traz em si órgãos, camadas, tecidos, memórias e complexidades. O corpo como território de mutilação, de mortes e de atravessamentos políticos brutais mas também de aquilombamento. É sobre questionar um sistema, que continua operando a partir da lógica escravocrata, e que por isso limita e reduz nossas existências. É sobre transpor os limites de representatividade vazia e mobilizar, através da língua, da palavra e do gesto as nossas experiências coletivas.



O projeto Da pele pra Dentro, por Ana Musidora

“há uma língua que foi literalmente cortada e que por memória do gesto insiste em ser dita: se “me gritaram negra”* é porque mutilaram meu ser e o reduziram a um denominador comum.“


“neste sentido, este projeto curatorial é ao mesmo tempo compartilhamento de processo criativo e um convite à apreciação de poéticas que articulam corpografias atravessadas pela palavra.”


“a nossa língua foi cortada. mas ainda que este órgão tenha sido amputado de nossas bocas, ele balbucia seu grande conflito estético racial. este país chamado Brasil foi fundado no estupro e desde então nossas corpas seguem adoecendo, saqueadas, perseguidas, mutiladas, desmembradas e soterradas por uma herança necrófila. não podemos negar este fato, entretanto trata-se também de uma Perspectiva. é preciso considerar que este processo de desmembramento do corpo é a Representatividade que a branquitude patriarcal projetou sobre nós.”


“por isso a presença da pele na performance não pode ser ingenuamente considerada como um marcador social, ou simplesmente um tema. a pela aqui atua como elemento radical que revela e organiza um sistema complexo dos tecidos e camadas que a constituem.” “os critérios apresentados até aqui foram fundamentais na escolha destas artistas. porque nos convidam a reconstituir nossas experiências comunitárias através da imagem e da palavra. porque escapam da língua racializada que institui os estereótipos binários de beleza. porque reescrevem todos os dias página por página a própria história.”


“são estas forças que esta curadoria mobiliza, a percepção de um corpo que também é quilombo*.”


“é preciso honrar as nossas mortes.



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